Tenho medo de falar que faço homeschooling
(Texto original do blog Educação Domiciliar)
Por Renata Santos
Esse post surgiu a partir de um saudável compartilhamento
de mães em um post sobre “o que falar quando perguntam em que escola seus
filhos estudam?”. Portanto, agradeço as todas as mães a maravilhosa ideia para
uma breve reflexão sobre o assunto.
Há dois anos atrás, quando mencionávamos que praticávamos a
Educação Domiciliar, as pessoas nos encaravam como ETS. Faziam uma cara de “o
que é isso? Crianças fora da escola? Como pode??”. Mas graças ao trabalho
incansável de muitas famílias na divulgação de suas práticas educativas
por meio de sites e blogs, demonstrando todo o compromisso com a educação
integral de seus filhos, hoje quando somos perguntados sobre onde as crianças
estudam, as pessoas já falam: “ah, eu já li uma matéria sobre o assunto!” ou
“já ouvi falar mesmo sobre isso!”. A informação tem transformado a estranheza
em simpatia.
Porém, é perfeitamente normal que as famílias iniciantes no
homeschooling se sintam um tanto desconfortáveis quando são questionadas sobre
o assunto. Nós passamos por isso. Ser diferente muitas vezes é desconfortável
mesmo. Ter que explicar para um estranho todo um processo que levou meses ou
anos para ser gestado em apenas poucas palavras, muitas vezes torna-se uma
missão impossível e até mesmo desgastante.
É verdade que muitas crianças possuem dificuldades em
elaborar a vida educacional sem a escola. Principalmente quando saem da escola.
Ficam meio perdidas quando questionadas. Alguns pais as orientam a dizer que
estudam na escola da mamãe, ou mesmo colocam o nome da mãe nessa escolinha
especial, ou chamam de Homeschooling, como um nome de uma escola particular.
Sim, acho que para uma conversa entre crianças, funciona. Mas também funciona
falar que não vai para escola e que estuda em casa. Geralmente a outra criança
fala: “que legal! Mas vamos jogar futebol?”. Ou seja, tanto faz. Para responder
a um adulto, talvez esse tipo de resposta seja um incentivador para maiores
perguntas: “sua mãe tem uma escola?” “onde é a escola de sua mãe, aqui no
bairro?” “o que é homechooling? Uma escola bilingüe?”. Então, explicação por
explicação, já seria interessante você instruir a criança na medida em que for
crescendo, a ser um verdadeiro expert no
assunto e dar todas as informações necessárias de forma clara e com propriedade.
Outro fator agravante, é o medo (às vezes pânico para
alguns pais) de serem denunciados e se verem envolvidos em um tsunâmi jurídico.
Para falar a verdade, compreendo perfeitamente esses sentimentos, pois
ninguém quer ter essa dor de cabeça de forma intencional. Então, muitos de nós
apresentam várias ressalvas em matricular os filhos em escolas de línguas e
música, e outras atividades extracurriculares, por não confiarem nos
estabelecimentos, pois os mesmos possuirão os dados cadastrais da família como
endereço e telefone.
São preocupações muito legítimas, mas tenho aprendido com o
tempo que quem está na “chuva é para se molhar”. E que a partir do momento que
acreditamos tanto na Educação Domiciliar que investimos nossas vidas e de
nossos filhos nessa empreitada, temos que ser corajosos o suficiente em
defender nossas escolhas. Também devemos estar cientes, que quando optamos por
esse caminho, existirão possibilidades reais de sermos envolvidos em algo que
não queremos. Nesse caso específico, ajuda muito a compreender que todas as
coisas acontecem debaixo da soberania de Deus, e que nenhum fio de cabelo cai
de nossa cabeça sem que Ele tenha ciência.
Ser prudente ajuda, é claro. Mas não
haverá nenhum esforço humano, nenhum subterfúgio que impeça os planos do Senhor
em nossas vidas, sejam eles agradáveis ou desagradáveis. Assim, quando a
desconfiança e o medo apertam, entregue-os ao Senhor e descanse em sua
providência.
Com a nossa vivência aprendemos uma coisa. Chamamos de
compartilhar responsabilidades. Quando desejamos matricular nossos filhos em
alguma atividade extracurricular, conversamos diretamente com o responsável
pelo curso. Apresentamos a modalidade educacional, e a seriedade que essa opção
de vida traz. Deixamos claro a nossa expectativa quanto a importância do curso
ou prática esportiva que estamos adquirindo.
Por exemplo, quando fomos
matriculá-los no inglês, falamos da importância da aquisição da língua para a
educação das crianças, e que necessitávamos o maior empenho possível por parte
da escola para que as crianças aprendessem bem e rápido, pois dependíamos disso
para adquirir materiais melhores e oportunidades acadêmicas mais amplas para
nossos filhos. Funcionou bem. Temos reuniões frequentes e individualizadas com
a coordenadora, monitorias quando percebem que não estão acompanhando,
avaliações constantes, e muita atenção e dedicação por parte do corpo docente.
Assim é também em cada uma das escolas de esportes que praticam. Temos
conquistado a simpatia dos professores de todos os tipos para a Educação Domiciliar.
Acredito que atualmente seja muito mais fácil falarmos que
praticamos homeschooling, do que há exatos 5 meses atrás. O grande refresco
para nossas preocupações foi dado pelo ministro Barroso, quando suspendeu todas
as ações contras as famílias homeschoolers até que seja julgada a
constitucionalidade da modalidade.
Então, hoje temos total liberdade de falarmos, e a incrível
oportunidade de aproveitarmos todos os momentos para fazermos uma propaganda
pró ativa em favor da Educação Domiciliar. Portanto encorajo você que é
homeschooler, não deixar de mencionar no supermercado, na livraria, na festa,
no shopping, para os vendedores, e por onde mais passar, sobre o homeschooling
,suas características e seus benefícios. Dessa maneira estará ajudando a difusão
do movimento e, por tabela, a sua família também!
E lembre-se: sejamos corajosos, prontos para lutar por algo
que acreditamos verdadeiramente!
(Texto original do blog Educação Domiciliar)
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